A Opinião da UASP

A União dos Artistas Sertanejos Paulistas (UASP) é uma entidade que reúne artistas sertanejos paulistas e de outros estados que venham trabalhar em São Paulo. Fundada em 1960, a UASP tem como objetivo principal defender o gênero sertanejo, cuja música, originada do nosso folclore, já se mistura com ritmos paraguaios, argentinos, mexicanos, entre outros, mas que representa o gosto popular da nossa gente, especialmente do interior.
Como não poderia ser diferente, a UASP não se limita à defesa da música e dos artistas sertanejos. A entidade também atua em prol do homem do campo, do interior, do nosso caboclo em geral—uma população muitas vezes indefesa e sem apoio. Isso ocorre porque o campo não tem sido um terreno fértil para a política, já que o voto do analfabeto não é válido, e mesmo os que votam têm sido influenciados pelo antigo sistema brasileiro conhecido como "voto de cabresto". O que se vê, na maioria das vezes, é apenas demagogia política.
É verdade que o caboclo é, ocasionalmente, lembrado pelo governo, mas, em nossa visão, não da forma adequada. Lidar com essa população exige pessoas que os conheçam profundamente. Não adianta as Secretarias da Agricultura enviarem técnicos que desconhecem os dois aspectos fundamentais dos sertanejos: a técnica agrícola e as pessoas. Acreditamos que, para lidar melhor com o caboclo, é necessário que o técnico também seja um caboclo.
Um exemplo pode ilustrar melhor essa ideia: se um técnico em agricultura visita um roceiro que está plantando arroz e apenas diz que ele está plantando de forma errada, o caboclo, humilde como é, ficará quieto no momento. No entanto, após a saída do técnico, ele provavelmente irá "resmungar" e ignorar o conselho. Por outro lado, se o técnico for alguém criado na roça, ele abordará a situação de forma mais psicológica, elogiando o trabalho do caboclo e sugerindo, de maneira sutil, uma pequena experiência para testar uma nova técnica. O caboclo, inteligente como é, verá com seus próprios olhos os resultados e adotará a mudança, acreditando até que foi ele quem "inventou" a ideia.
Essa abordagem, embora não seja perfeita, é um passo inicial que pode levar a soluções maiores no futuro. Ao resolver o problema de como produzir melhor em suas roças, o caboclo, o mais humilde e desprezado dos brasileiros, se tornará, consequentemente, o mais útil.
Até o próximo encontro, com um abraço dos dirigentes da UASP.
**Pela Diretoria da UASP**
Geraldo Meirelles
Presidente